Um dos alvos disse em depoimento que foi ao Líbano negociar ouro; outro ficou calado. Suspeitos brasileiros que estão no Líbano com ordem de prisão decretada no Brasil já constam na lista da Interpol. Tralli: PF não acredita na versão de um dos brasileiros
Um dos brasileiros alvo da operação de busca e apreensão Polícia Federal (PF) na quarta-feira (8), confessou em depoimento que estava sendo recrutado pelo Hezbollah. Segundo fontes da investigação, ele disse que viajou ao Líbano e que, nos encontros que manteve lá, recebeu proposta para fazer atentados no Brasil.
Segundo o depoimento, a pessoa que o recebeu em Beirute, que seria do Hezbollah, disse que "procurava pessoas com disposição para matar e sequestrar". A PF agora colhe mais indícios sobre este suspeito para decidir sobre pedido de prisão dele à Justiça.
Um segundo brasileiro, este que foi preso na operação da PF, disse em depoimento que foi ao Líbano negociar ouro e agrotóxico. Investigadores, no entanto, dizem ter indícios de ele possui conexão com integrantes do Hezbollah, e, portanto, não acreditam na versão apresentada no interrogatório. Para os policiais, foi uma "versão ensaiada para tentar ganhar tempo".
O terceiro brasileiro que também foi preso ficou calado no interrogatório.
Alvos no exterior
Outro alvo da operação é um sírio naturalizado brasileiro que está em Beirute, no Líbano, e morava em Belo Horizonte. A PF já descobriu, com base em cooperação policial internacional, que ele já lutou com guerrilheiros do Hezbollah contra o Estado Islâmico em território sírio.
Este suspeito foi alvo de nove mandados de busca e apreensão em endereços associados a ele, em, Minas e no DF, sendo sete endereços comerciais e dois residenciais.
Ainda contra este sírio, segundo as investigações, há mandado de prisão temporária por 30 dias, expedido pela justiça federal de Minas.
Os nomes do brasileiros que estão no Líbano com ordem de prisão decretada no Brasil já constam na lista da Interpol.
Eles não podem ser presos no Líbano com o mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira. Eles só podem ser presos caso saiam do território libanês para outro país ou se retornarem ao Brasil.
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A operação
A divisão antiterrorismo da Polícia Federal em Brasília foi alertada para o fato de que brasileiros, vários deles com passagem criminal, estavam sendo aliciados e contratados por comandantes do Hezbollah no Líbano, para promover ataques no Brasil.
As investigações descobriram que alguns desses brasileiros fizeram viagens recentes a Beirute para encontros com o Hezbollah, e definiram valores pela colaboração em atos terroristas, lista de endereços a serem atacados e, ainda, o recrutamento de executores.
5 indivíduos foram alvos de medidas cautelares expedidas pela Justiça Federal de MG;
1 cidadão libanês naturalizado brasileiro teve mandado de prisão expedido, mas está em aberto pois ele se encontra no Líbano;
1 cidadão sírio naturalizado brasileiro também teve mandado de prisão expedido, mas está em aberto pois ele também se encontra naquele país;
Deste alvo, foram 9 mandados de busca em endereços associados a ele em MG e no DF, sendo 7 endereços comerciais e 2 residenciais;
1 brasileiro teve mandado de prisão e mandado de busca expedidos e cumpridos;
Um segundo brasileiro teve mandado de prisão cumprido;
Um terceiro brasileiro teve mandado de busca cumprido;
Os dois depoimentos dos presos em SP foram colhidos à tarde na sede da PF, em SP;
O investigado que chegou de SC ficou em silêncio. O outro suspeito que desembarcou ontem a noite em SP respondeu a algumas perguntas;
A investigação continua para verificar o conteúdo e analisar o material apreendido;
Os dois presos continuam na custódia da PF em SP.